Rei do Baião,
Desde que sua sanfona branca – há trinta anos – parou de tocar, nunca mais o ABC do Sertãofoi o mesmo…
A sabiá olha para o céu e vê o assum preto, cego dos zói, cantando de dor, lamentando sua triste partida…
O luar do sertão nunca mais foi o mesmo, falta o voo de sua asa branca…
A súplica cearense, sai sangrando nas vozes da seca…
A vida de viajante não é a mesma sem os dezessete e setecentos da Karolina com o K, que não tem mais cintura fina…
Ficou a saudade do forró no escuro lá no meu pé de serra, onde era danado de bom olhar o riacho do navio…
Nunca mais ouvimos uma lorota boa embaixo do juazeiro ou sentados, as margens da lagoa do amor…
Mas, nessa estrada da vida tem sempre alguém subindo para o céu, deixando uma rede veia no sertão sofredor…
Descanse em paz no jardim da saudade, Januário vai tocar o baião dos namorados para amenizar a saudade da terra boa…
Depois do adeus, o baião ficou ruim qui nem jiló, mas com certeza teve festa no céu…
Saudades Gonzagão, você foi muito mais que o filho de Januário e o pai de Gonzaguinha…
1. As palavras em destaque são títulos de músicas cantadas pelo Rei do Baião.
Fonte: Blog João Marcolino