Santa Filomena, no sertão de Pernambuco, enfrenta um drama que se arrasta há décadas, mas que se agrava a cada ano: a falta de água. Com apenas 12 mil habitantes espalhados por mais de mil quilômetros quadrados, a cidade poderia ser um exemplo de abundância de terra. Mas água… isso é um luxo que muitos moradores ainda não conhecem de perto.
A responsabilidade pelo abastecimento, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), virou uma piada amarga. Finge fornecer água, enquanto a população finge receber. Quem realmente mantém o município vivo são os caminhões-pipa da prefeitura e de particulares. Sem eles, Santa Filomena já teria se transformado em um deserto humano.
A promessa de soluções estruturantes existe: a barragem do São Joaquim, estimada em seis milhões de reais e com capacidade para armazenar mais de três milhões de metros cúbicos de água, poderia mudar o cenário. Mas, como de costume, a burocracia emperra tudo. Licença ambiental, autorizações, papéis e mais papéis atrasam o início da obra, enquanto o sertanejo continua a rezar para que a chuva chegue.
Enquanto isso, os dois reservatórios que ainda seguram a cidade estão no limite. A barragem de Antônio do Mel secou, e a Prefeitura corre para desassoreá-la; a barragem da Inveja sobrevive às últimas gotas. A pergunta que ecoa no município é simples, mas aterradora: de onde virá a próxima água? Do Amaro, quase seco e com água salobra?
O que resta, diariamente, é sugado pelas bombas dos caminhões-pipa até a última gota. E quando essa última gota acabar, para onde o povo vai correr? Poços rasos e barragens improvisadas não são solução nem para matar a sede dos animais.
Santa Filomena está de joelhos. Vive um estado de emergência que caminha rápido para se tornar calamidade. Sem água, não há vida, e a situação exige ação imediata.
O apelo é claro: prefeito, governadora, deputados, vereadores e autoridades em Brasília, é hora de olhar para Santa Filomena. Porque do Governo de Pernambuco, nos últimos 20 anos, a verdade é cruel: praticamente nada chegou.
De Santa Filomena, Charles Araújo.