Pernambuco contabiliza atualmente 105.852 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), conforme dados do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a primeira vez que o Censo inclui informações específicas sobre o autismo, após a aprovação da Lei nº 13.861/2019, que tornou obrigatória a coleta desses dados para subsidiar políticas públicas voltadas à população autista.
O número representa cerca de 1,2% da população pernambucana e está alinhado com a média nacional, que também aponta um percentual de 1,2% — o equivalente a 2,4 milhões de brasileiros com diagnóstico de TEA. Especialistas, no entanto, alertam que os dados podem estar subestimados, principalmente em regiões com menor acesso a serviços de saúde e diagnóstico precoce.
A distribuição por gênero revela uma predominância de casos entre homens: são 63.848 pessoas do sexo masculino (1,5% da população masculina do estado), contra 42.004 mulheres (0,9%). Em relação à faixa etária, a maior concentração está entre crianças de 5 a 9 anos, com prevalência de 2,8%. Crianças de 0 a 4 anos representam 2,1%, e o grupo de 10 a 14 anos, 2,0%.
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades na comunicação, na interação social e por comportamentos repetitivos. Embora não tenha cura, o TEA pode ser tratado com terapias e intervenções que favorecem o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas diagnosticadas.
A inclusão de perguntas sobre o autismo no Censo é vista como um avanço importante para o país. A partir desses dados, gestores públicos e instituições podem planejar melhor a oferta de serviços de saúde, educação e inclusão, além de promover ações que garantam os direitos da população autista.
Para o jornalista Paulo Fernando, pai de Paulo Fernando Neto — uma criança autista de 6 anos que vive em Lajedo, no Agreste de Pernambuco —, os números do Censo representam um passo importante, mas ainda inicial.
“Ter dados oficiais é fundamental, mas precisamos garantir que eles se traduzam em políticas públicas reais e eficazes, especialmente no interior, onde o acesso a diagnósticos e terapias ainda é muito limitado. Meu filho é uma das muitas crianças que precisam de atenção contínua e de uma rede de apoio mais estruturada.”