Santa Filomena-PE está novamente no centro de uma polêmica envolvendo a Igreja Católica local. O responsável pela Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, Padre Izael Tavares de Noronha, tem sido alvo de críticas por parte de comerciantes e feirantes da cidade, após uma decisão que muitos consideram como uma forma de perseguição à economia local — em especial aos comerciantes da Praça e participantes da Feirart, feira que reúne artesãos e agricultores familiares do município.
Tudo começou quando o padre passou a celebrar missas até às 23h das quintas-feiras, em plena Praça da Matriz, justamente no mesmo local onde acontecem os encontros mais animados da cidade: bares, pizzarias e a Feira de artesanato e agricultura familiar. A celebração, que antes era feita até as 19h no interior da igreja, passou a ser realizada ao ar livre, ocupando a praça pública no dia mais movimentado da semana.
Na noite de quinta-feira, 22 de maio, a celebração foi registrada por moradores em vídeo, confirmando que a missa realmente avançou até às 23h. Com isso, os comerciantes da praça ficaram impedidos de usar som ambiente — o que prejudicou não só as vendas, mas também o único espaço de lazer que muitos moradores e visitantes da cidade têm acesso.
A organização da Feirart, que acontece na última quinta-feira de cada mês, informou que a Paróquia já havia sido avisada com antecedência sobre o calendário da feira, que virou atividade contínua e atrativo cultural. No entanto, em resposta oficial, o padre se posicionou de forma que causou ainda mais revolta:
“Informo que autorizo a realização da Feira Art na última quinta-feira de maio de 2025. […] Informo também que devido ao Arraiá da Comunidade, a Santa Missa será antecipada para às 17h neste dia, a fim de harmonizar os horários das atividades religiosas e culturais. Adicionalmente, informo que sempre nas quintas-feiras, acontece a adoração ao Santíssimo Sacramento, ficando comprometidos os horários de 18h às 22h.”
A fala causou estranheza. “Autoriza”? Desde quando praça pública precisa de autorização da Igreja? O tom do documento reforçou ainda mais o sentimento de que o padre estaria se colocando acima da administração pública e dos interesses da própria comunidade, como se fosse o “dono” da praça.
A população não ficou calada. A Coordenadoria Municipal da Mulher, responsável pela organização da Feirart, já convocou uma reunião com os comerciantes da praça e expositores da feira para discutir o caso e buscar uma solução que garanta o direito ao trabalho e ao lazer dos cidadãos.
Não é a primeira vez que o padre Izael se envolve em polêmica na cidade. Mas desta vez, o caso vai além da religião e atinge diretamente o sustento de quem vive do pequeno comércio, da agricultura e da cultura local. Em uma cidade do interior como Santa Filomena, onde a economia gira em torno de feiras, festas populares e encontros comunitários, cercear o uso de um espaço público com base em eventos religiosos pode ser visto como um retrocesso.
O blog Filó Notícias reitera que o espaço está aberto para todos os envolvidos no caso, inclusive a Paróquia e o próprio Padre Izael, para que exerçam seu direito de resposta.
Postagem de Padre em Santa Filomena gera polêmica por suposta homofobia e antiprotestantismo
Em 2023, o padre gerou controvérsia ao publicar em suas redes sociais uma mensagem que muitos interpretaram como homofóbica e antiprotestante. Na postagem, ele afirmava que “a Igreja Católica é a única verdadeira” e criticava outras denominações cristãs, além de fazer comentários considerados ofensivos à comunidade LGBTQIA+.
A publicação causou indignação entre fiéis e moradores da cidade, que consideraram as declarações desrespeitosas e discriminatórias. A repercussão foi tamanha que o caso foi publicado em noticiários locais, destacando a insatisfação da comunidade local com a postura do religioso.
Diante dessas situações, a comunidade de Santa Filomena tem se mobilizado para buscar soluções que garantam o respeito à diversidade religiosa e aos direitos dos cidadãos, promovendo o diálogo e a convivência harmoniosa entre todos.
Mas fica a pergunta: até que ponto a fé pode se sobrepor ao direito de todos?