Um grupo de 30 venezuelanos está refugiado há uma semana em Sobral, no Ceará, e vive em uma hospedagem abandonada cedida provisoriamente pelo proprietário para servir como estadia. Nesta segunda-feira (18), os venezuelanos devem ser acomodados em uma casa disponibilizada pela Paróquia de Tamarindo, visto que o local onde o grupo está não oferece condições adequadas para servir de abrigo.
“Eu vim de lá [Venezuela] para melhorar um pouco a minha vida. Cheguei ao Brasil e trouxe a minha família porque eles estavam morrendo de fome na Venezuela”, conta Amilka Guidá, único do grupo que fala português, ainda pouco fluente.
Desde 2017, milhares de venezuelanos deixam o país de origem em busca de melhores condições em outras cidades, inclusive dezenas de cidades brasileiras.
Pedido de ajuda
No total, 15 crianças e 15 adultos, entre homens e mulheres – uma delas grávida – estão refugiados. “Nós homens estamos precisando de serviço, estamos querendo começar a trabalhar. Nós temos esse direito. Nossas mulheres também estão precisando de serviço. Gostamos de Sobral e vamos ficar aqui”, afirma Amilka. O venezuelano conta que chegou ao município há cinco dias e conseguiu ajuda de moradores com alimentação e vestimenta.
A cabeleireira Simone Furtado recorda como encontrou o grupo, ainda na manhã deste domingo (17). “Eu estava passando para ir pra casa e vi eles pedindo ajuda. Fiquei das 8h até às 16h de ontem com eles. As crianças estavam muito sujas e aquilo me comoveu, então, pedi ajuda de vizinhos para conseguir roupas e comida. Estamos atrás de pedir ajuda para conseguir produtos higiênicos agora”, pede. Ainda não se sabe as condições exatas em que o grupo chegou.
Lugar adequado
O pároco da Catedral de Sobral, Lucione Queiroz, explica que tomou conhecimento da presença do grupo, neste domingo (17), durante a realização de um evento, na Paróquia Nossa Senhora Do Patrocínio: “ontem celebramos o Dia do Pobre com um café comunitário e eles chegaram lá”.
O sacerdote informou que uma casa da paróquia será preparada ainda hoje para o grupo. “A transferência será feita ainda hoje. As crianças e mães irão para um abrigo provisório e os homens irão para a casa fazer a limpeza do local”, garante.
“O serviço é novo em Sobral, mas vem sendo desenvolvido pelo Brasil. Agora, vamos dar assistência na educação, saúde e encaminhar essas pessoas ao mercado de trabalho”, informa, pontuando que uma das grandes dificuldades é a língua. “Até para saber como eles chegaram porque quando sabemos isso o acolhimento vem mais cedo”, explica.