Recife, 30 de maio de 2024 – A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), exonerou, nesta terça-feira (30), cargos comissionados ocupados por indicados do PL (Partido Liberal) no Governo do Estado. A ação acontece em meio a um momento de turbulências na relação entre a gestora e o partido na Assembleia Legislativa e pode abrir caminho para uma futura aliança da governadora com o PT (Partido dos Trabalhadores), legenda do presidente Lula.

Saída do PL em meio a insatisfações
A decisão de Raquel em exonerar os cargos do PL foi motivada por insatisfações com a conduta de deputados estaduais da legenda. O partido, que foi aliado da governadora no início do mandato, em 2023, vinha apresentando críticas à gestão, principalmente em temas relacionados à segurança pública.
O PL tinha indicações nos seguintes órgãos:
- Detran (Departamento Estadual de Trânsito)
- ProRural (Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural)
PP deve ocupar vaga no Detran
Com a saída do PL, a vaga no Detran deve ser ocupada pelo PP (Progressistas), partido comandado pelo deputado federal Eduardo da Fonte no estado. O PP tem se mostrado mais fiel à governadora nas votações de projetos na Assembleia, ao contrário do PL, que tem três dos seus cinco deputados na oposição e apenas um parlamentar da bancada aliado a Raquel Lyra.
PT na mira para as eleições de 2026
A movimentação de Raquel em relação ao PL também abre caminho para um possível convite futuro para o PT ingressar no governo, visando a uma aliança para as eleições de 2026. A expectativa é que as conversas com os petistas só aconteçam após as eleições municipais deste ano.
Divergências em pautas e eleições
A saída do PL do governo tem como principal motivação a ausência de votos pró-Raquel Lyra na bancada do partido na Assembleia Legislativa. As críticas do PL à governadora se concentram em temas como segurança pública, área sensível para a atual gestão.
Nas eleições do Recife para 2024, a divergência entre Raquel e o PL já está consolidada: o PL apoia a candidatura de Gilson Machado Neto, ex-ministro do Turismo, enquanto a governadora declarou apoio ao ex-deputado e secretário estadual de Turismo Daniel Coelho (PSD).
Raquel cogita trocar de partido em 2026
Visando as eleições de 2026, Raquel Lyra cogita mudar de partido. PSD e MDB são os favoritos para uma eventual migração. A perda de fôlego do PSDB e a possibilidade de disputar a reeleição em um partido com mais força política e fundo partidário são os principais motivos para essa avaliação.
Apoio a Lula em 2026?
No entorno da governadora, a possibilidade de um eventual apoio a Lula em 2026 não está descartada. Petistas pernambucanos admitem, sob reserva, que o presidente não recusaria o apoio, junto com o do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que pode ser candidato a governador contra Raquel se reeleito neste ano.
Composição com o PT depende de João Campos
Membros do PT já afirmaram publicamente que, com o PL no governo, seria impossível uma eventual composição com a governadora. Agora, a saída do PL abre espaço para uma nova avaliação. O entorno do senador Humberto Costa não descarta uma candidatura à reeleição na chapa de Raquel. O Palácio do Campo das Princesas também vê chances da aliança.
O assunto, no entanto, não é pacífico dentro do PT. O secretário de Meio Ambiente do Recife, Oscar Barreto, integrante da gestão João Campos, defende que o futuro do partido no estado deve estar ao lado do atual prefeito.
PT dividido entre Raquel e João Campos
O PT se posicionou como oposição a Raquel, mas os três deputados estaduais do partido têm votado frequentemente alinhados ao governo do estado, incluindo o ex-prefeito do Recife João Paulo. Uma possível candidatura própria dele tem sido estimulada nos bastidores pelo Palácio do Campo das Princesas, para atrapalhar João Campos e forçar um segundo turno, mas a ideia não avançou até agora.
Na semana passada, Raquel recebeu integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) junto com a deputada estadual Rosa Amorim.
Da redação, Charles Araújo