Na era da tecnologia e da informação, ainda tem muitas cidades no Sertão de Pernambuco vivendo à margem do básico. Em Afrânio, Dormentes, Santa Filomena, Santa Cruz e várias outras, milhares de famílias passam mais de três meses inteiros sem ver uma gota d’água sair das torneiras. Sim, você não leu errado. Mais de três meses. Inacreditável, mas real.
Enquanto tantos discutem inovação, conectividade e avanços científicos, nossos sertanejos enfrentam uma das mais antigas e cruéis formas de abandono: a falta de água. Um povo honesto, batalhador, que já lida com tantos desafios como a seca, e ainda precisa driblar a escassez com criatividade, fé e muito esforço. Alguns ainda conseguem, com grande sacrifício, contratar carros-pipa para armazenar o mínimo necessário em suas cisternas. Outros que não tem onde armazenar ou não tem dinheiro para comprar, infelizmente, dependem da solidariedade de vizinhos — que também enfrentam as mesmas dificuldades.
O sentimento que predomina é de cansaço e indignação. A população não aguenta mais ouvir promessas que nunca se cumprem. Chegou a hora — na verdade, já passou da hora — de uma mobilização séria, firme e coletiva. Os prefeitos destas cidades precisam sair da zona de conforto, unir forças com os vereadores, pressionar deputados e formar uma frente forte para cobrar da governadora Raquel Lyra uma resposta urgente.
Água é essencial. Água é um direito constitucional. Nenhum governo pode se omitir diante de uma crise tão grave. Não é mais possível aceitar que interesses eleitorais venham antes da vida das pessoas. O povo clama por atenção, por respeito e por dignidade.
O povo do Sertão pede luxo. Pedem o básico. Pedem socorro. E esse grito não pode mais ser ignorado.
Por Charles Araújo