Em agosto de 2020, no pequeno município de Santa Filomena, no sertão de Pernambuco, viveu um dos episódios mais curiosos da astronomia brasileira.
Fragmentos espaciais vindos do Cinturão de Asteroides cruzaram a atmosfera terrestre e caíram sobre a cidade, transformando o cotidiano local em uma corrida por meteoritos.
A origem da chuva foi o rompimento da órbita de rochas situadas entre Marte e Júpiter.
Ao entrarem na atmosfera da Terra, os fragmentos se incendiaram e, mesmo assim, cerca de 80 quilos resistiram ao impacto.
Um dos maiores pedaços, com 2,8 quilos, caiu no telhado de uma moradora e foi batizado de Meteorito Santa Filomena, hoje em exibição no Museu Nacional.

A descoberta mobilizou cientistas e curiosos. Pesquisadores confirmaram que a rocha tem 4,56 bilhões de anos e contém minerais inexistentes na Terra, como a troilita. Estimativas indicam que ela entrou na atmosfera a 54 mil km/h, apresentando marcas visíveis da viagem.
Mas enquanto especialistas estudavam os fragmentos, a cidade virava um centro de comércio improvisado. Moradores venderam as pedras por até R$ 40 o grama.
Estrangeiros, como o americano Michael Farmer, compraram dezenas de pedaços e revenderam por valores muito superiores no mercado internacional.
O episódio misturou ciência e lucro. De um lado, um achado raro que enriquece o conhecimento sobre a origem do sistema solar.
Do outro, uma chance inesperada de renda para famílias do sertão.
Cinco anos depois, Santa Filomena segue lembrada como o cenário de uma das mais importantes quedas de meteoritos do mundo — onde o céu trouxe conhecimento, dinheiro e história para uma cidade do interior.