O Brasil reforçou suas operações militares na fronteira norte do país em meio ao aumento das tensões entre a Venezuela e a Guiana. Os venezuelanos estão se dirigindo às urnas neste domingo (3) para participar de um referendo que aborda os direitos da Venezuela sobre a região de Essequibo, representando cerca de dois terços do território atual da antiga colônia inglesa.
O Ministério da Defesa divulgou uma nota indicando que está monitorando a situação e que “ações de defesa foram intensificadas na região da fronteira ao norte do país, resultando em uma presença militar mais robusta”.
O território em questão, com 160 mil km² e uma população de 120 mil pessoas, tem sido objeto de disputa desde 1899, quando foi cedido à Grã-Bretanha, que controlava a Guiana na época. A Venezuela nunca reconheceu essa decisão, considerando a região como “em disputa”. Em 1966, as Nações Unidas intermediaram o Acordo de Genebra, que declarou a região como “a ser negociada”. Há estimativas de que a área possua bilhões de barris de petróleo.
A embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, expressou preocupação com a disputa na região. Ela enfatizou a importância de manter a América do Sul como uma região de paz e cooperação, destacando que o Brasil prefere uma solução por meio do diálogo, seja através de negociações bilaterais ou da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que declarou ter jurisdição sobre o caso em abril deste ano.
A Guiana apresentou uma liminar na CIJ buscando suspender o referendo, mas a Venezuela não reconhece a jurisdição da Corte Internacional neste caso, evocando o Acordo de Genebra de 1966 como o único instrumento válido para resolver a controvérsia. Em setembro, a Venezuela protestou contra leilões de petróleo realizados pela Guiana, alegando que as áreas marítimas em questão estão no centro da disputa entre os dois países.