O Ministério Público do Distrito Federal determinou, nesta quarta-feira 6, a abertura de inquérito policial contra o pastor Flávio Amaral por suposto caso de homotransfobia. A denúncia foi feita pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e pela vereadora eleita em São Paulo, Amanda Paschoal (PSOL-SP), após o suicídio de Letícia Maryon, frequentadora da igreja evangélica ministério Liberto Por Deus submetida a um processo de ‘detransição’.
Maryon, 22 anos, tirou a própria vida no dia 27 de setembro, após mais de um ano passando por um processo de ‘detransição’ conduzido pelo pastor Amaral, que se diz ‘ex-travesti’ e prega a ‘libertação’ da homossexualidade. Pouco antes de atentar contra a própria vida, Letícia havia participado de um culto ministrado por Amaral para falar sobre o seu processo, ao qual se referiu como uma “guerra espiritual entre a carne e o espírito”.
A denúncia lista práticas promovidas pelo pastor, como o ato de obrigar fiéis a jejuar para ‘curar sua homossexualidade’ e envergonhá-los publicamente durante cultos e vídeos disponibilizados nas redes sociais. O texto destaca ainda também a irregularidade de práticas fraudulentas de ‘cura’ para pessoas que apresentam sexualidade ou identidade de gênero divergente na sociedade, proibidas pelo Conselho Federal de Psicologia no âmbito de tratamentos psicoterapêuticos.
“As condutas perpetradas por Flávio Amaral são graves e não podem ser abarcadas dentre os ditames constitucionais de livre manifestação de suas crenças religiosas, pois extrapolam os limites delimitados ao violar os direitos fundamentais, consubstanciado no discurso de ódio”, destaca um trecho da denúncia.
Em nota enviada a CartaCapital, os advogados Jean Paulo Pereira e Florentino Rocha Conde negam que Flávio Amaral tenha participação direta no ocorrido em 27 de setembro e sustentam que o pastor não realiza nenhuma prática relacionada à “cura gay”. Ainda segundo os advogados, as declarações de Amaral foram distorcidas na denúncia feita por Erika e Amanda.
POR CAIO CÉSAR | CARTA CAPITAL