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Grávidas que tomaram a vacina AstraZeneca precisam de acompanhamento médico

Grávidas que tomaram a vacina AstraZeneca precisam de acompanhamento médico

Ministério da Saúde suspendeu uso da AstraZeneca nesse grupo. Nova orientação é só vacinar gestantes com comorbidades e usar CoronaVac e Pfizer.

Especialistas afirmam que grávidas que receberam a primeira dose da vacina AstraZeneca precisam ter acompanhamento médico para eventos adversos.

Nesta terça-feira (11), o Ministério da Saúde confirmou a suspensão da aplicação da vacina em mulheres grávidas. As gestantes que receberam a primeira dose devem ficar sem receber a segunda.

A pasta decidiu manter a vacinação de grávidas com comorbidades, mas apenas com os outros imunizantes disponíveis: Pfizer e CoronaVac.

“Vamos acompanhar todas as gestantes que foram imunizadas. Como já estamos fazendo, independentemente do tipo de agente imunizante, para verificar se há algum tipo de evento adverso” – Marcelo Queiroga, ministro da Saúde.

Na segunda-feira (10), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia recomendado a suspensão da aplicação da vacina em gestantes. A decisão ocorre devido à morte de uma mulher grávida de 35 anos, suspeita de evento adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico após a aplicação da vacina. O caso ainda está sob investigação dos órgãos de saúde.

“Quem tomou a primeira dose deveria tomar a segunda. Mas o médico que acompanha a gestante deve monitorar caso surjam alguns eventos adversos”, afirma a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Ufes.

A professora de imunologia Letícia Sarturi, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Paulista (Unip), em São Paulo, explica que a chance de ocorrer um evento adverso relacionado à vacina após a segunda dose é menor – mas há ressalvas.

Se a vacina tiver gerado efeitos adversos na circulação sanguínea – como, por exemplo, trombose –, é necessário reavaliar. Isso porque a gravidez, sozinha, já aumenta o risco de aparecimento de coágulos e a ocorrência de trombose. Esse risco aumenta à medida que a gestação avança – por causa do aumento no tamanho do útero, que acaba atrapalhando a circulação.

“Com a segunda dose, a chance de ocorrer um evento adverso é menor, porque ela já tomou uma dose e não houve nenhum evento adverso – mas é claro que, com o avanço da gestação, pode se ter, sim, maior risco circulatório. Se o caso foi de uma trombose, a gente tem que reavaliar, sim. Tem que aguardar a investigação para ver qual vai ser a recomendação”, afirma Sarturi.
A infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, explica que o tempo até o aparecimento de eventos adversos relacionados à vacina varia de acordo com o evento.

“Depende da reação. Os eventos trombóticos, que são as reações adversas graves, que são muito raros, podem acontecer até 3 semanas depois da tomada da vacina. E tem os efeitos colaterais que são dor no braço, dor no corpo, de cabeça, que aí pode ser nos 5 primeiros dias”, diz.

Dal Ben reforça que o risco associado à Covid-19 na gestação ainda é “muito maior” do que um potencial risco relacionado à vacina.

Já Sarturi reforça que, se houver relação de caso de trombose na gestação com a vacina, é necessário aguardar recomendações dos órgãos de saúde.

“Por enquanto, não sabemos ao certo. Reações adversas costumam aparecer na primeira dose, mas no caso de eventos trombóticos a gente tem que avaliar o risco quando a gestante for tomar a segunda dose. Se o médico ou os órgãos de saúde recomendarem que não se tome, deve ser seguido”, diz.

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Quais são os efeitos colaterais conhecidos da vacina?

Considerando dados dos ensaios clínicos de fase 3, o governo britânico lista as seguintes reações adversas como mais frequentes após a aplicação da vacina de Oxford:

  • sensibilidade e/ou dor no local da injeção
  • cefaleia (dor de cabeça)
  • fadiga
  • mialgia (dor muscular)
  • mal-estar
  • febre
  • calafrios
  • dor nas articulações
  • náuseas

Entre as 23 mil pessoas que participaram dos testes, cerca de 1 a cada 10 relatou ao menos um dos sintomas acima.

A maioria das reações adversas foi leve a moderada e geralmente resolvida alguns dias após a vacinação. As reações notificadas após a segunda dose foram mais leves e menos frequentes do que após a primeira dose. Além disso, foram geralmente mais leves e menos frequentes em idosos (com 65 anos ou mais) do que em pessoas mais jovens.

Mesmo após casos raros de coágulos que ocorreram em pessoas imunizadas com a vacina, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) manteve a recomendação de que ela fosse aplicada – pois os benefícios superavam os riscos.

Na página oficial de informações sobre a vacina da AstraZeneca, o governo britânico reconhece os eventos adversos de trombose e diz que a maior parte deles ocorreu nos primeiros 14 dias após a vacinação, mas que também houve relatos após esse período.

Nenhum grupo de risco foi identificado, mas, como medida de precaução, o governo recomenda que a administração da vacina da AstraZeneca em pacientes com histórico de trombose do seio venoso cerebral ou síndrome antifosfolipídica seja considerada apenas quando o benefício superar riscos potenciais (veja mais abaixo quais são os grupos para os quais a vacina não é indicada).

A página também recomenda que pessoas imunizadas com a vacina de Oxford/AstraZeneca devem buscar atendimento médico imediato se, 4 dias ou mais após a vacinação, desenvolverem:

  • um novo início ou agravamento de dores de cabeça fortes ou persistentes com visão turva, que não respondem a analgésicos simples;
  • novos sintomas, como falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor abdominal persistente, sintomas ou sinais neurológicos (como confusão ou convulsões) ou hematomas e/ou petéquias (manchas vermelhas ou marrons) incomuns na pele.

Pessoas com eventos tromboembólicos e trombocitopenia (baixo nível de plaquetas) devem ser levadas ao hospital com urgência e a um especialista em hematologia para aconselhamento.

Para quem a vacina é contraindicada?

O governo britânico – primeiro a aprovar e aplicar a vacina no mundo – contraindica a vacina de Oxford/AstraZeneca nos seguintes casos:

  • Pessoas com hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes da vacina (substâncias adicionadas à formulação que têm a função de garantir a estabilidade e as propriedades dela);
  • Pacientes com história de trombocitopenia e trombose induzidas por heparina;
  • Pessoas que sofreram de trombose venosa e/ou arterial grave com trombocitopenia após imunização com qualquer vacina contra a Covid-19. Essas não devem receber uma segunda dose da vacina da AstraZeneca.

O que diz a AstraZeneca?

Em nota, a AstraZeneca afirmou que “mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos” da vacina. Veja íntegra:

“Referente a suspensão do uso da vacina AstraZeneca/Fiocruz por parte da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a AstraZeneca esclarece que as mulheres que estavam grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos clínicos. Esta é uma precaução usual em ensaios clínicos. Os estudos em animais não indicam efeitos prejudiciais diretos ou indiretos no que diz respeito à gravidez ou ao desenvolvimento fetal.”

Charles Araújo, com informações do G1

FILÓ NOTÍCIAS by Charles Araújo
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