Longe da média nacional de mulheres nas Câmaras Municipais, que é de 13%, Santa Filomena no Sertão de Pernambuco, nas últimas duas eleições municipais, não elegeu mulheres no Poder Legislativo. Já na Prefeitura, é tradição a participação feminina.
Em 2012 a Casa Osvaldo Alves de Souza elegeu duas melhores vereadoras, Duda do Livramento e Sebastiana Coelho. Essa foi a última vez que as mulheres pontuaram no Legislativo Municipal. No legislativo filomenense as 9 cadeiras são ocupadas por homens. Em 2008 foi eleita a primeira mulher prefeita, Evaneide Melo. Nas três eleições subsequente a cadeira de vice foi ocupada por mulheres, Alcilene Rodrigues e Francinete Diniz.
O Poder Executivo vem contrapondo o desfalque feminino do Legislativo, com 60% das mulheres ocupando cargos de secretárias. De sete secretarias, quatro são comandadas por mulheres.
Conforme a médias nacionais de mulheres vereadoras e deputadas, o Brasil vem aumentando a participação da mulher no Poder Legislativo. O que pode ser um indicativo do quanto estamos avançando no quesito democracia. Santa Filomena porém, fica fora desse dado positivo às mulheres.
Barradas no poder
Para Fátima Pacheco Jordão, socióloga e conselheira do Instituto Patrícia Galvão, o grande problema em relação à baixa participação feminina na esfera política é que elas são barradas nos espaços de poder.
“A mulher tem grande representatividade em outros espaços, como a educação. Além de serem mais escolarizadas, têm profissões qualificadas na área da saúde, de pesquisas científicas e médicas. Mas elas não têm papel onde existe poder. Os mecanismos de construção de poder, sobretudo político, é nos partidos”, explica.
Em relação às demandas da sociedade, a socióloga afirma que, desde a década de 1970, quando começaram a ganhar força os ideais em defesa do meio ambiente, do feminismo e contra o racismo, sempre foram os movimentos sociais que abrigaram esses temas.
“Esses assuntos nunca foram tratados pelos partidos, eram lutas extrapolíticas. Eles [os partidos] mantiveram a percepção de que o problema da vida das pessoas não é político. Hoje, não apenas no Brasil, eles não representam a população. Se perguntadas sobre simpatia partidária, 70% das pessoas dizem não ter a menor simpatia por partidos”, afirma Fátima.
Por Charles Araújo